Décadas atrás, os Estados Unidos dominavam a produção global de cereais e grãos, mas ao longo do tempo, esse domínio tem diminuído gradualmente. Por exemplo, na década de 1970, os Estados Unidos controlavam 90% do mercado mundial de soja, porém, hoje em dia, essa parcela caiu para 28%.
O Brasil desempenha um papel significativo na perda de participação de mercado dos Estados Unidos, especialmente no setor de oleaginosas. No início dos anos 2000, o Brasil exportava 27 milhões de toneladas de soja; em 2023, esse número aumentou para 102 milhões de toneladas. Consequentemente, os brasileiros agora detêm uma participação de 58% no mercado global de soja, ultrapassando os Estados Unidos.
Uma das principais razões por trás dessa mudança nas exportações é o rápido crescimento do consumo na Ásia, especialmente devido ao aumento da classe média na China. Isso beneficiou o Brasil em uma nova ordem econômica mundial, como apontado pela imprensa.
Os chineses agora competem em larga escala na compra de diversos alimentos no mercado global, incluindo proteínas e grãos. Sempre que o agronegócio brasileiro teve produtos disponíveis, a preferência tem sido pelo mercado chinês. Por exemplo, há duas décadas, a China importava 21 milhões de toneladas de soja; no ano passado, foram 100 milhões, com 75 milhões provenientes do Brasil.
O milho também é um destaque. Na década de 1980, os Estados Unidos eram responsáveis por 84% do milho transacionado no mercado externo, mas agora essa parcela caiu para 24%. Na safra 2023/2024, o Brasil superou os Estados Unidos, detendo entre 29% e 32% do mercado mundial.
O setor de trigo também sofreu impacto nos Estados Unidos, com uma redução significativa em sua participação no mercado global. Enquanto na década de 1970 os Estados Unidos detinham 40% do mercado mundial, agora esperam deter apenas 9% nesta safra.
A produção brasileira de trigo é modesta, mas os Estados Unidos continuam perdendo participação de mercado para os europeus, australianos, russos, ucranianos e argentinos.
Na safra 2023/24, a Rússia terá 51 milhões de toneladas de trigo disponíveis para exportação, enquanto a União Europeia terá 36 milhões. Mais uma vez, a China lidera as importações mundiais de trigo, com 13,3 milhões de toneladas no ano passado e uma previsão de 12,5 milhões para este ano.
No setor de proteínas, a parceria em crescimento entre China e Brasil, juntamente com a diminuição da participação dos Estados Unidos no mercado global, é evidente. Enquanto os Estados Unidos representavam 19% do mercado internacional de carne bovina nos anos 2000, espera-se que essa parcela caia para 10% este ano. Por outro lado, o Brasil, que começou a se destacar a partir de 2005, deverá deter um quarto do mercado global este ano.
Essa mesma tendência é observada no mercado de frango, onde os Estados Unidos, que detinham 44% do mercado em 2000, agora têm uma participação de 24%, enquanto o Brasil aumentou sua participação de 17% para 36%.
Os chineses, que não estavam entre os principais compradores mundiais até 2012, agora lideram o mercado e devem comprar 3,55 milhões de toneladas de carne bovina em 2024. Os dados indicam que a presença crescente dos chineses foi crucial para o aumento da participação do Brasil no mercado global, como ressaltado pela mídia.